Por Joana Lopo
No primeiro semestre de 2021, 26 empresas (confira lista abaixo) fizeram Oferta Pública Inicial, os chamados IPOs na B3, movimentando, até então, R$ 60 bilhões, sendo R$ 43,2 bilhões, em ofertas primarias e R$16,8 bilhões, em ofertas secundarias. Na fila, ainda estão mais 38 companhias à espera de abertura de capital. E a previsão do mercado é de fechar o ano com mais de 100 IPOs.
Até agora, a maior oferta foi da empresa CSN Mineração, que levantou R$ 1,37 bilhão na oferta primaria (dinheiro que efetivamente entra no caixa da empresa) e R$ 2,8 bilhões na oferta secundaria (dinheiro que vai para os acionistas que venderam sua participação). Mas para o head de renda variável, Ricardo Leite, a grande expectativa está na Raízen – joint venture de Cosan e Shell – que deu entrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no pedido de IPO. “Esse poderá ser não só o maior IPO de 2021, como um dos maiores já realizados no Brasil”, prevê Leite.
Segundo ele, a expectativa do mercado é de atingir, nos próximos meses, mais de R$ 30 bilhões em novas captações. Isso porque, atualmente se tem muito mais liquidez do que no passado recente. “No ano de 2000, por exemplo, o volume médio de negociação diária na B3 era de R$ 600 milhões. Em 2020, esse mesmo volume alcançou uma média de R$ 29,4 bilhões, isso beneficia e estimula as empresas que buscam alternativas de investimentos a abrirem seu capital no mercado nacional e assim realizar novos investimentos apostando no seu crescimento”, conta ele.
Valorização
A estreante de janeiro último, Vamos (vamo3) entrou com preço inicial de R$ 26. Hoje, já é negociada a R$ 53, o que representa alta acima de 100%. Com isso, é a IPO com maior rentabilidade desde sua entrada na B3, seguida pelas ações da Intelbras (INTB3), que obteve alta de 75%.
Conforme matéria publicada no site Valor, dois terços do total de 170 companhias tiveram alta na receita, o que explica a onda de IPOs que vem desde o ano passado. Essa aposta das empresas se dá porque, com a abertura de capital, elas captam recursos sem ter que pagar juros bancários, com isso, pela venda de suas ações pode chegar a movimentar bilhões e, assim, investir em processo de expansão, fusões, compra de concorrentes, entre outros benefícios.
Investimento estrangeiro
No que se refere aos investimentos estrangeiros, o que se observa, conforme Cassio Bariani, CEO da Smartbrain é um aumento nos investimentos no mercado brasileiro. Segundo ele, em 2021, foram R$ 61 bilhões de entradas, sendo R$ 17 bilhões, em IPOs e follow-on e R$ 44 bilhões via mercado direto.
“A previsão para este ano continua positiva. Muitos bancos estão projetando um volume de 150 bilhões no ano. Assim, a Bolsa continuará crescendo, considerando a conjuntura de juros baixos atrelado à migração de novos investidores para a B3″.
Mas não só de vantagens permeiam as IPOs. Se por um lado movimenta mais dinheiro facilitando o processo de expansão da empresa, por outro, os lucros são divididos com os novos sócios. Além disso, para manter o capital aberto, os custos são altos em função dos requisitos regulamentares, como a contratação de auditorias, publicações legais, confecção de prospectos, comitês de supervisão, honorários de conselheiros, entre muitos outros.
Ainda há a maior exposição legal, que gera aumento de ações judiciais e forte pressão do mercado. Por isso, os especialistas em mercado aconselham muita cautela e profundo conhecimento das próprias capacidades antes de partir para abertura de capital.
Para as companhias que decidirem adiar a estreia na Bolsa, Eduardo Luque, sócio-diretor do Grupo Irko, sugere outras alternativas para financiar a expansão. “Ainda existe a possibilidade de emitir dívida de crédito privado para a captação de recursos, considerando o atual patamar de liquidez do mercado”, diz.
Empresas que estrearam na bolsa no primeiro semestre de 2021
- Getninjas (NINJ3)
- Dotz (DOTZ3)
- Infracommerce (IFCM3)
- Petrorecôncavo (RECV3)
- ModalMais (MODL11)
Boa Safra Sementes (SOJA3) - Caixa Seguridade (CXSE3)
- GPS Participações (GGPS3)
- Mater Dei (MATD3)
Blau Farmacêutica (BLAU3) - Allied (ALLD3)
- Eletromídia (ELMD3)
- Orizon Valorização de Resíduos (ORVR3)
- CSN Mineração (CMIN3)
- Oceanpact (OPCT3)
- Jalles Machado (JALL3)
- Bemobi (BMOB3)
- Cruzeiro do Sul Educacional (CSED3)
- Westwing (WEST3)
- Focus Energia (POWE3)
- Mobly (MBLY3)
- Mosaico (MOSI3)
- Intelbras (INTB3)
- MPM Corporeos (ESPA3)
- Vamos (VAMO3)
- HBR Realty (HBRE3)
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