Por Agência EY
Empresas brasileiras sob comando familiar ganham destaque no mundo dos negócios em todo o planeta. A JBS S.A. aparece na 22ª posição do Índice das Empresas Familiares de 2021, um ranking das 500 maiores empresas de propriedade familiar do mundo de acordo com o seu faturamento. O levantamento foi feito pela EY e a Universidade de St. Gallen, da Suíça. Estas companhias, juntas, somam uma receita de US$ 7,28 trilhões e empregam 24,1 milhões de pessoas.
No topo da lista, está a americana Walmart Inc. Além da JBS S.A., outras nove companhias brasileiras aparecem no ranking: Marfrig Global Foods S.A., Metalúrgica Gerdau S.A., Votorantim Participações S.A., Companhia Siderúrgica Nacional, Magazine Luiza S.A., Cosan Ltda., Energisa S.A, WEG S.A. e Porto Seguro S.A.
“O faturamento da receita dessas empresas corresponde à terceira maior economia do mundo. Com isso, dá para entender a dimensão e o poder que as empresas familiares têm na economia mundial”, comenta Carolina Queiroz, líder da área de empresas familiares da EY.
De acordo com Carolina, apesar do impacto que estas empresas sofreram ao longo destes quase dois anos de pandemia, a resiliência se sobrepôs. Muitas delas conseguiram mudar os rumos de seus negócios, se adaptando e inovando para apoiar as comunidades, confirmando o compromisso com a responsabilidade social.
“Costumo dizer que empresa familiar é uma empresa que tem uma cultura diferenciada, com um senso de preocupação e responsabilidade em manter empregos, por exemplo. Algumas grandes corporações mudaram suas linhas de produção e passaram a fornecer produtos para o suporte à pandemia”, afirma.
Muitas das empresas familiares listadas pelo índice operam no setor de bens de consumo tradicional ou no setor de manufatura, o que é um reflexo da idade destas organizações. Muitos dos produtos e serviços tecnológicos, de telecomunicações e financeiros que são comuns hoje não existiam, em média, 70 anos atrás. No entanto, as empresas familiares mais jovens estão se inserindo nestes setores.
“Quando a família permite que os mais jovens participem do planejamento estratégico, por terem uma visão de longo prazo, eles começam a questionar se aquele ativo faz sentido e começam a explorar outros segmentos mais rentáveis. Isso é uma consequência natural e é estimulada para a diversificação do negócio”, conta.
Diversidade
A questão da diversidade feminina, tanto nos conselhos quanto na gestão executiva, continua sendo um desafio para as empresas familiares. Das 500 maiores empresas, 17% dos assentos dos conselhos são ocupados por mulheres. Das empresas que têm mulheres membros da família empresária, o número de conselheiras sobe para 31%, em linha com a referência mundial. Já em posição de CEO, apenas 5% das empresas familiares têm uma mulher no seu comando executivo, enquanto a referência mundial é de 8%.
“Historicamente, havia muitas regras patriarcais em que só os filhos homens atuavam nos negócios. Com a diversidade de papéis na governança, ampliam-se os potenciais e as possibilidades de atuação. Para as gerações mais jovens, abaixo de 40 anos, isso é uma pauta eliminada, não é uma barreira. Definem regras, competências e experiências que a pessoa precisa ter para ocupar a posição. Gênero não é determinante”, comenta.
ESG
As questões ambientais, sociais e de governança (ESG) estão se tornando mais relevantes à medida que funcionários, clientes, investidores e outras partes interessadas estão exigindo que as empresas desempenhem um papel mais ativo para enfrentar os desafios atuais. De acordo com Carolina, no índice, 53% das empresas familiares reportam formalmente as suas métricas de ESG. “Tem uma aderência muito interessante, porque esse ainda não é um patamar que a gente vê no âmbito mundial (fora do âmbito de empresas familiares). Mas elas ainda precisam se adaptar a esta nova realidade para conseguir atrair novos talentos, ganhar consumidores e continuar crescendo.”