Os altos índices da inflação no Brasil ultrapassam a meta estabelecida pelo governo federal e atingem os micro e pequenos empreendedores em um momento em que a economia brasileira tenta superar os efeitos negativos da crise provocada pela pandemia e por outros fatores atrelados ao mercado financeiro.
A inflação perdeu um pouco de força em novembro e ficou abaixo do que o mercado estipulou, no entanto, não aliviou o bolso do consumidor. Em novembro, o IPCA ficou em 0,95%, abaixo dos 1,25% de outubro, mas a alta acumulada em 12 meses segue nos dois dígitos, a 10,74%, maior desde novembro de 2003, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os principais vilões da alta seguem sendo os combustíveis, que subiram, todos eles, mais de 40%.
A 12ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia nos Pequenos Negócios revela que a alta no preço dos produtos e os sucessivos aumentos nos combustíveis são os fatores que mais têm contribuído para os custos dos pequenos negócios.
O principal efeito da inflação sobre esses negócios impede a realização de novos investimentos. Com a desvalorização da moeda e, consequentemente, o aumento dos preços, que acabam influenciando nos custos das matérias-primas, aliados às implicações da pandemia e às perdas de faturamento, os pequenos negócios precisam se organizar para diminuir os impactos da inflação.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que os gastos com insumos, mercadorias e combustíveis foram citados como os que mais impactam os negócios, segundo 63% dos microempreendedores individuais (MEI) e 61% das micro e pequenas empresas.
Neste momento, é necessário se atentar ao repasse do aumento dos custos dos produtos para os clientes, que também sofrem com a alta de preços gerados pela inflação. “Em um cenário de alta inflação, é de fundamental importância que o pequeno empresário tenha atitudes sensatas, como o controle dos gastos, monitoramento dos custos e receitas, além de estudar as tendências para seu ramo de atividade”, afirma Gilmar Mendes, contador e membro do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA).
A redução no consumo e a dificuldade de acesso ao crédito é uma das principais dificuldades enfrentadas pelas micro e pequenas empresas. Para o contador, o Pronampe foi uma ideia excelente, mas infelizmente não foi liberado para todos os que precisavam e, diante do contexto de redução do consumo e alta inflação, os pequenos negócios são os que mais sofrem no país, seja por não ter um fluxo de caixa capaz de manter a empresa por um tempo, seja por não ter crédito atrativo facilmente liberado ou ainda por não possuir poder de negociar prazos e condições melhores com os fornecedores. Se o produto for supérfluo, piora ainda mais a situação. É necessário que o governo pratique ações urgentes para conter o inchaço dos preços”, completou.