Por Joana Lopo
De olho na queda da coroa da Petrobras, a baiana PetroReconcavo iniciou 2022 com muita força. Só neste ano, a previsão é de investir US$100 milhões para o desenvolvimento dos seus campos maduros localizados na Bahia e no Rio Grande do Norte. Serão quase 300 intervenções nos poços existentes, além da perfuração de mais 60, que estão em andamento.
Durante live realizada nesta segunda-feira (11), no canal Bastter TV, que produz webcasts sobre os resultados das empresas, o CEO da PetroReconcavo, Marcelo Magalhães, comemorou os excelentes resultados da companhia (a empresa fez IPO em maio de 2021), desde a sua entrada na bolsa e, especialmente, nos dois primeiros meses deste ano quando a produção disparou após a compra, em dezembro, do Polo Miranga, na Bahia.
“Entrar em Miranga e perceber o volume de oportunidades para incremento de gás e geração de riqueza é brutal. Para se ter uma ideia, entramos no polo nos primeiros 10 dias de dezembro e já nos primeiros 60 a 90 dias depois tivemos um aumento de produção na ordem de 30 a 40%”, revela o CEO.
Na mesma época, a companhia também conclui a aquisição do Polo Remanso, embora já operasse por meio de contrato de produção com a Petrobras, que já vem colocando em prática sua política de desinvestimento. Conforme Magalhães, isso foi possível porque a estatal se comprometeu a sair da concentração de mercado para dar lugar para os privados.
“Não estamos substituindo a empresa, mas aumentando a vida útil desses campos por décadas. Somos a empresa que mais assumiu ativos da Petrobras. Investimos, por exemplo, cerca de US$700 milhões no Polo Riacho da Forquilha, no Rio Grande do Norte. Hoje produzimos cerca de 20 mil barris de óleo/dia, com produção e atuação em 59 concessões em dois estados: Bahia e Rio Grande do Norte. Somos o maior produtor independente em onshore brasileiro. Desde 2019 estamos em processo de produção muito forte. Em menos de 30 meses saímos da produção de 4 mil barris para 20 mil”, conta Magalhães.
Segundo ele, em relação à produção de óleo equivalente nos dois polos, no final do ano passado a companhia saiu de 3.500 barris para 4.090 no começo desse ano e que esse resultado faz parte da expertise da empresa em tecnologia, processo e disponibilidade de recursos.
Somados os dois polos adquiridos com o que a companhia já tinha foi possível saltar de 5 mil barris de óleo equivalente, em 2019, para 12,5 mil barris, em 2022. “E isso já não reflete a realidade da companhia. Olhando para os números, tivemos o resultado de R$ 1 bilhão em faturamento e foi a primeira vez que a companhia passou dessa marca. Estamos caminhando para chegar a 20 mil barris e aumentar ainda mais o faturamento”, comemora o RI da PetroReconcavo, Marcelo Cruvinel.
Produção de gás
Em 2021, a companhia deu largos passos e se consolidou como empresa pioneira no chamado novo mercado de gás. “Fomos a primeira companhia a firmar contrato com a Petrobras para uso das infraestruturas de escoamento e processamento de gás, tanto no Rio Grande do Norte, como na Bahia. Além dos dutos que efetivamente nos possibilitou fornecer gás natural para a Bahiagás, na Bahia, a Potiguar, no Rio Grande do Norte e para PBGás, na Paraíba”, diz Marcelo Magalhães.
Desde janeiro desta ano, a empresa passou a fornecer 100% do gás produzido, o que acarreta, segundo Magalhães, em um incremento de preço médio para a companhia. “Queremos fazer o mercado de gás crescer. Depois da mudança, com o marco regulatório do gás, temos muitas possibilidades nesse mercado, que é muito importante para a gente. Hoje, o mercado é muito pequeno para a capacidade que nós temos”, observa o CEO.
De acordo com Magalhães, o gás já é considerado um combustível extremamente relevante por ser de transição, ou seja, permite a geração de energias renováveis, quando não se tem vento ou sol. “É o complemento natural para essas duas energias renováveis, principalmente no Nordeste, onde o vento e sol têm participação muito grande”.
Além disso, o CEO aponta para a redução do preço ao consumidor, já que com a Petrobras saindo de cena como protagonista, a concorrência faz os preços caírem. “Na Potigás, por exemplo, temos o gás mais barato do Brasil, no gás automotivo. Conseguimos aumentar a competitividade industrial, sem comprometer o meio ambiente. Os campos onshore do Nordeste são reservas já descobertas há mais de 40 anos, não há risco exploratório. São reservatórios relativamente rasos e simples, poços já perfurados e otimizados. O gás está todo conectado à malha. Assim aumentamos a produção com investimento ainda menores”.
Não à toa que a companhia já superou o plano de, até 2025, atingir meta de 30% a 35% da produção de gás. “Praticamente já alcançamos nos primeiros dois meses desse ano. O gás é excepcional para companhia e ainda mais para os estados e para novo mercado”.
Magalhães ainda disse que mesmo com a queda do dólar e a guerra entre Rússia e Ucrânia, a empresa não prevê baixa de produção. “A queda do dólar afeta porque praticamente tudo que vendemos é em moeda americana. Mas como os preços estão muitos altos, isso acaba tendo uma consequência líquida: preço alto X dólar baixo. Então o reflexo é pequeno. Ainda temos dívidas em dólar, o que nos favorece com a nossa dívida. Não dá para reclamar. E sobre a guerra, como a nossa margem é excepcionalmente boa, não impacta tanto. O que queremos mesmo é ser a maior provedora de gás natural no Nordeste”, promete.
Planos
Enquanto os ventos sopram a favor dos investimentos no Nordeste, a companhia conta que aposta no crescimento orgânico com aplicações cada vez maiores em gás, além do óleo e petróleo, que também produz. De acordo com Magalhães, a previsão é que atinjam o pico de produção em 2025 totalmente de forma orgânica, mas não descartam a possiblidade de adquirirem empresas menores e de ganharem novos rumos pelo Brasil. Sobre aquisições, sem se alongar no assunto, o CEO da PetroReconcavo deixou um suspense no ar sobre a parceria com a Eneva para a compra do Polo Bahia Terra, da Petrobras.
“Temos planos e alternativas de aquisição. Temos em vista empresas menores, mas só se for gerar valor para os nossos acionistas. Não podemos falar sobre a Bahia Terra por uma série de confidencialidade, mas temos uma oferta muito competitiva e somos capazes de estruturar. São ativos de valor muito alto, por isso é preciso apresentar as devidas garantias. E nós sempre cumprimos com o que acordamos, pagamos em dia, somos transparentes e temos mantido relacionamento operacional muito grande com a Petrobras. Somos um parceiro de negócio”, garante Magalhães que só parece enxergar na palavra expansão um sobrenome da PetroReconcavo.