Por Tiago Egydio Barreto*
Há tempos, o tema carbono tem se espalhado pelos diferentes meios de comunicação e hoje é uma das pautas mais importantes de empresas de todos os setores, mercado financeiro e de governos. Inclusive, recentemente, foi publicado o Decreto Nº 11.075, de 19 de maio de 2022, dando início à precificação de carbono no Brasil.
Atualmente, o carbono é a celebridade da tabela periódica! Caso você tenha curiosidade e digitar a palavra carbono em algum site de busca, encontrará incontáveis reportagens, relatórios empresariais e oportunidades profissionais para especialistas e de negócio. Afinal de contas, carbono virou moeda.
Acredito que muitas pessoas já saibam o porquê devemos agir para evitar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), conjunto de gases o qual o carbono faz parte como protagonista. Por isso, cada vez mais empresas têm anunciado ambiciosas metas para anunciar a redução e, em longo prazo, o fim das emissões de GEE.
No entanto, a tão divulgada redução de emissões é algo diferente da remoção do carbono da atmosfera, Embora sejam faces da mesma moeda, quando nos referimos à urgência climática. E aqui fica o questionamento: como é possível então remover carbono da atmosfera?
A resposta é simples e remete à biologia simples, aquela que aprendemos na escola. Basicamente, temos três grandes sumidouros de carbono: oceanos, ecossistemas terrestres (agricultura regenerativa, florestas, savanas, estepes e outras formações de vegetação, incluindo aqui toda a interação planta, ambiente e solo) e áreas úmidas. Sendo essas opções, então, conservá-los e restaurá-los é o caminho certo para remover o carbono da atmosfera.
Sabemos que restaurar ecossistemas tem um custo alto, porém, não remover o carbono da atmosfera também. Além disso, quando restauramos ecossistemas estamos indo além do carbono. É neste momento que a pauta da biodiversidade se faz presente e se percebe como ambas se sobrepõem.
Existem diversos programas de compensação de emissões que utilizam a restauração de florestas como estratégia para atingir este fim. A restauração por si já contribui para o restabelecimento da biodiversidade, por acrescentar diversas espécies de árvores que possibilitam interações com a fauna fornecendo alimento e abrigo. São as consequências positivas de políticas adotadas por empresas para apoiar a redução ou a remoção do carbono do ambiente.
Exemplo disso é o Programa de Compensação Mata Viva®, que ao longo da sua história já plantou 1,3 milhão de mudas e restaurou 750 hectares. O programa de compensação visa também restaurar habitats em que se encontram espécies ameaçadas de extinção. É sempre importante relembrar que a redução em quantidade e qualidade de ambiente é uma das principais pressões de ameaças para a conservação de espécies. E, diante de tudo isso, deixo aqui uma provocação: que tal ir além do carbono e começar a considerar como parte da estratégia das empresas a restauração de florestas?
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*Tiago Egydio Barreto é consultor em Gestão para Sustentabilidade e em projetos de Conservação Ambiental na Fundação Espaço ECO®
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