A estimativa de safra recorde para este ano no país pode ajudar a reduzir a pressão sobre os preços de alimentos e melhorar o desempenho da economia nacional, que enfrenta problemas inflacionários e aumento de preços finais ao consumidor. A análise é da consultora sênior da EY e membro do Centro de Excelência em Agronegócio, Daniely Martins.
“Uma produção recorde beneficia o país pela maior disponibilidade de alimentos no mercado interno, reduz a pressão sobre os preços desses produtos e, como o agronegócio é parte importante do nosso PIB, a produção recorde no campo poderá impulsionar o crescimento da economia do país”, afirma Daniely. “Em última instância, a safra poderá agir como um amortecedor em caso de desaceleração dos demais setores, como aconteceu nos últimos dois anos de pandemia”, completa a consultora.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam uma produção total de 261,4 milhões de toneladas em 2022, dividida em cereais, leguminosas e oleaginosas. O número é 3,2% superior à safra de 2021 (8,2 milhões de toneladas produzidas a mais em comparação ao ano passado). A área total colhida será de 72,5 milhões de hectares, 5,8% (quatro milhões de hectares) a mais em relação a 2021.
Os três principais produtos do levantamento – arroz, milho e soja – equivalem a 91,7% da estimativa de produção e 87,5% da área a ser colhidas, segundo o IBGE. O principal destaque é o milho, cuja produção estimada em 2022 é de 111,2 milhões de toneladas, 26,7% a mais do que foi produzido em 2021. O trigo tem produção calculada em 8,9 milhões de toneladas, ou 13,4% a mais do que no ano passado.
Na contramão do aumento, porém, a soja, principal commodity agrícola exportada pelo Brasil, deverá somar 118 milhões de toneladas, queda de 12,6% na produção em relação ao ano passado. Fatores climáticos como estiagem prolongada nas regiões produtoras contribuem para a queda na safra de soja, segundo técnicos do IBGE. O arroz também deverá apresentar resultados modestos em comparação com 2021 e chegar a 10,7 milhões de toneladas (diminuição de 8% na produção).
Segundo Daniely, os efeitos da safra recorde brasileira vão além das fronteiras. “Para o mundo, uma produção recorde no Brasil é sinônimo de segurança alimentar, uma vez que estamos entre os três maiores exportadores das principais commodities agrícolas, sendo o agronegócio brasileiro responsável por alimentar 1 bilhão de pessoas no mundo, de acordo com levantamento da ONU”, diz a consultora.
Fonte: Agência EY