Por Laércio Soto*
O ano de 2021 foi marcado por um crescimento expressivo na prática de M&A no Brasil, na ordem de 65%. Fusões e aquisições estiveram no processo de consolidação de grandes empresas, tanto as que já tinham presença no país, como as que optaram por ingressar com novos investimentos em nosso mercado.
No início de 2022, existia a perspectiva de que o mercado de aquisições estaria mais modesto, pois se imaginava que o represamento de transações, já tivera sido corrigido em 2021, principalmente pelo fato de estarmos falando de um ano com muitos acontecimentos internos, sendo o mais importante, a disputa pelo comando do maior posto do Executivo do nosso país e consequente mudança nas políticas já existentes, face à polarização vigente.
Na prática, o que se imaginava com um mercado mais receoso, na espera do que poderá acontecer com uma eventual e significativa mudança no rumo do Brasil, converteu-se em oportunidade para investidores e grandes empresas.
Para se ter ideia dos números: o primeiro semestre de 2022 mostra um aumento de 14% no número de transações ocorridas, quando comparado ao mesmo período de 2021 (812 em 2021 e 926 em 2022); replicando para a área de suporte a transações da RSM esse número se mostra ainda mais expressivo, com um aumento de 32% apurado logo no 1º semestre de 2022.
O que se percebe é uma corrida bastante grande de potenciais investidores, já no segundo semestre de 2022.
Porém, é evidente que o período da Covid-19 atrelado à guerra da Ucrânia e consequente arroxo da economia no geral, leva os grandes investidores a fazerem bons negócios, pois muitos empresários acabam optando por realizar seus ativos.
Dessa forma, acredito que estamos vivendo um misto de oportunidades, pois é inegável que o valor dos ativos, face aos cenários menos ambiciosos econômicos, possibilita uma conjuntura para investidores concretizarem processos de consolidação e pulverização de suas carteiras de investimentos.
E também, do lado de quem vende, é a possibilidade, muitas vezes, de sair em grande estilo de um negócio que não possui sucessão direta ou que estaria na linha do tempo fadado a um processo de consolidação, ou até mesmo de desinvestimento por conta do atual cenário mundial.
Nem otimismo, tampouco apreensão. O que vemos acontecer, é que uma corrida pela conclusão de transações, ocorre exclusivamente pela oportunidade de investidores e vendedores, de acharem o ponto de intersecção de suas trajetórias.
*Laércio Soto é Managing Partner da RSM Brasil, a 6ª maior empresa de Auditoria, Consultoria, Tributos e Contabilidade do mundo