Por Adriana Umeda*
As compras virtuais aumentaram expressivamente durante a pandemia, crescimento que vem se mantendo. Segundo estudo da Neotrust – empresa que monitora 85% do comércio digital brasileiro – o e-commerce atingiu o faturamento recorde de R$ 161 bilhões no país em 2021, marca 26,9% superior àquela registrada no ano anterior. De acordo com o mesmo estudo, o cartão de crédito continua sendo a forma de pagamento preferida dos consumidores no e-commerce, respondendo por 69,7% das transações realizadas no ano passado.
Esse crescimento também trouxe novos desafios para a indústria de meios de pagamento. As credenciais que atuam no mercado de cartões buscam o equilíbrio entre o crescimento das vendas (volume de autorizações) e o controle da fraude num nível que não prejudique a rentabilidade do negócio. Para isso, o comércio –seja ele físico ou virtual– precisa adotar as melhores ferramentas para aumentar a segurança das transações.
No caso do comércio físico, essas ferramentas podem ser mais simples, pois a existência do chip na captura da transação confere mais segurança ao processo. Já no ambiente do e-commerce, devido à forma como a transação é capturada –por meio da digitação das credenciais de compra dentro de um site ou dentro de um global commerce, do celular ou guardando essas credenciais no sistema do próprio lojista–, a análise das transações deve ser feita por ferramentas mais robustas.
O comércio virtual que conta com as melhores soluções de prevenção à fraude terá um processo de autorização “mais limpo”. Quando o pedido de autorização chega para o emissor, este verifica se as transações daquele comércio específico têm características de baixíssimo risco, o que faz com que o emissor tenda a ter mais flexibilidade no processo de autorização, aprovando mais transações e garantindo uma conversão maior de vendas para esse comércio. O contrário também ocorre. Se o e-commerce não estiver dotado de ferramentas adequadas, quando um pedido de autorização chega ao emissor, este faz a análise do volume de autorizações versus as contestações de transações que recebe de seus portadores e constata que existe um risco maior de fraude naquele comércio específico. Como consequência, o emissor passa a cercear mais o processo de autorização para aquele comércio, prejudicando a conversão de vendas.
A Visa monitora o ecossistema de meios de pagamento, avalia quais comércios e emissores apresentam índices elevados de fraude e lhes oferece consultoria e soluções. Do lado do emissor, disponibiliza ferramentas como o Visa Advanced Authorization –que fornece uma sofisticada classificação de risco aos emissores para decisões de autorização mais segmentadas e embasadas. Do lado do comércio, a Cybersource –subsidiária da Visa especializada em segurança– oferece ferramentas antifraude que aperfeiçoam o processo de autenticação.
Para proteger o comércio e o emissor das fraudes, a Visa investiu mais de US$ 9 bilhões nos últimos cinco anos em segurança cibernética. Só o serviço Visa Advanced Authorization contribuiu para evitar US$ 26 bilhões em fraudes em todo o mundo no ano passado.
Para ter uma estratégia de risco saudável, indico adotar as seguintes recomendações para os comércios e emissores.
– Investir em sistemas antifraude compatíveis com a demanda. Para compras físicas os sistemas antifraude mais robustos não são tão necessários, mas para compras online são fundamentais. Tanto em relação ao comércio quanto para o emissor.
– O comércio também deve investir em pessoal com conhecimento e experiência em prevenção à fraude para pilotar as ferramentas de forma adequada e reagir às novas modalidades de fraude que surgem constantemente.
– Investir na autenticação da transação e na tokenização da transação. A autenticação garante que o comprador é mesmo o portador do cartão. A tokenização confere maior segurança no tráfego das informações entre comércio e credenciador.
– Outro aspecto importante é a comunicação clara com o cliente — por parte do comércio e do emissor. O portador é o elo mais frágil, ele desconhece os meandros dos processos envolvidos no pagamento.
Prevenir é melhor do que remediar, gerando menos impacto tanto para o consumidor como para o estabelecimento comercial.
- Adriana Umeda é Diretora Executiva de Risco da Visa do Brasil