Com desempenho abaixo do esperado, a gigante da petroquímica global, Braskem apresentou prejuízo de R$1,1 bilhão no penúltimo trimestre do ano. Em coletiva acompanhada pela equipe do Grupo iNews, na manhã desta quarta-feira (09), o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, o engenheiro Pedro Freitas disse que o resultado já era esperado e se dá pela queda de demanda internacional, assim como algumas paradas programadas da planta, como a que ocorreu no Rio Grande do Sul recentemente. Outro fator impactante é a demanda na China, que está mais fraca.
“Ainda temos um cenário de guerra e isso está elevando a inflação no mundo. Temos uma queda de demanda, mas a Braskem se prepara para estes momentos de baixa, nossa gestão é eficiente e preparada para sempre se posicionar nos períodos de baixa. Mesmo assim, o resultado é expressivo”, avalia.
A receita líquida de vendas da companhia fechou o trimestre em R$ 25,4 bilhões e a alavancagem corporativa em 1,6x, que a deixa confortável. No acumulado do ano, o lucro líquido atribuível aos acionistas ficou em R$ 1,4 bilhão. Com isso, a companhia mantém sólida posição de caixa, preparada para enfrentar desafios do cenário petroquímico mundial.
De olho nas avenidas de crescimento, a Braskem registrou Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização recorrente de R$ 1,97 bilhão. “Estamos preparados para enfrentar os desafios do cenário petroquímico mundial. Continuamos com nosso firme propósito de preservar a higidez financeira ao mesmo tempo em que mantemos o foco na segurança e no atendimento aos clientes”, afirma o CEO da Braskem, Roberto Simões.
Embora o resultado tenha sido impactado pelos menores spreads internacionais, pelo efeito contábil da realização de estoques e pelo menor volume de exportações de resinas no segmento Brasil, polipropileno nos EUA e polietileno no México, a Braskem conseguiu alcançar um Ebitda recorrente de R$ 2,4 bilhões. A posição de caixa ficou em US$ 2,2 bilhões, patamar que garante a cobertura dos vencimentos de dívida nos próximos 63 meses, não considerando a linha de crédito rotativo internacional (stand by) disponível no valor de US$ 1 bilhão, com vencimento em 2026.
Negócios renováveis e inovação
Ao longo do penúltimo trimestre, a companhia focou no desenvolvimento e implementação de projetos das principais avenidas de crescimento, como os negócios de renováveis, de reciclagem e negócios existentes com foco em produtividade e competitividade. Para isso, em agosto, a Companhia assinou contrato para aquisição de ações e subscrição de novas ações de emissão da Wise Plásticos S.A., empresa do setor de reciclagem mecânica, ainda sujeita à aprovação das autoridades competentes. A oferta da Braskem foi por 61,1% do capital social da Wise com desembolso estimado de R$ 121 milhões, dos quais parte relevante será aplicado na duplicação da capacidade produtiva atual da Wise para cerca de 50 mil toneladas de produtos reciclados até 2026.
Em setembro, a Braskem comunicou ao mercado o lançamento da Voqen Energia Ltda., controlada integral da Braskem. A empresa é uma comercializadora de energia elétrica e gás natural e tem o objetivo de alavancar oportunidades de negócio por meio da criação colaborativa de soluções competitivas que acelerem a transição energética sustentável da Braskem e da indústria.
Ainda no mês retrasado, a empresa divulgou o lançamento da Oxygea, uma empresa que irá fomentar o surgimento e desenvolvimento de novas iniciativas empresariais voltadas para a sustentabilidade e transformação digital, através da interação com startups no mercado. O hub contará com o investimento de US$ 150 milhões para o desenvolvimento de novos negócios em até cinco anos.
Em outubro, a Braskem nos EUA assinou um contrato de compra de energia renovável para as plantas de Neal, na Virgínia Ocidental, iniciando seu fornecimento no final de 2024. Isso vai garantir a redução anualizada de cerca de 16% de emissões de CO2 escopos 1 e2. Além disso, lançou o Wenew, novo ecossistema de circularidade da companhia. A partir de agora, resinas termoplásticas e produtos químicos da empresa que possuem conteúdo reciclado em sua composição, assim como as iniciativas de educação sobre consumo consciente e descarte adequado e as tecnologias que apoiam a Braskem em sua jornada em prol da economia circular, serão identificados por ela, que é representada por uma nova logomarca.
O Wenew é um conceito que representa e consolida a atuação da Braskem nessa frente. Englobando quatro pilares – produtos, educação, tecnologia e design circular -, ela vai aproximar a empresa de um futuro mais circular, investindo na construção conjunta com a cadeia produtiva e a sociedade.
Vai vender fatia da Novonor?
De acordo com Pedro Freitas as negociações que ocorrem desde o ano passado continuam no mesmo pé. Embora rumores no mercado apontem para algumas direções, tudo ainda está sem definição para venda ou eventual concessão de exclusividade da fatia da Novonor (ex Odebrecth) na Braskem.
“Toda possibilidade de venda está sendo conduzida exclusivamente por eles [Novonor]. As negociações, interações e contrapartes do ponto de vista negocial são deles. Não sabemos com quem estão falando. Mas chegou a um ponto deste processo em que alguns dos interessados vão querer analisar os dados da Braskem, então neste sentido veio essa orientação para que a gente se prepare para deliberações com terceiros no processo de avaliação mais aprofundada”.
Para 2023
Com compromisso de atingir 1 milhão de toneladas de capacidade de produção de biopolímeros até 2030, a empresa anuncia potenciais parcerias estratégicas e financeiras, assim como continua implementando o projeto de expansão de sua capacidade de produção anual de eteno verde de 200 mil toneladas para 260 mil toneladas com progresso físico deste investimento de 50%.
Pedro Freitas revelou, durante a coletiva, que a perspectiva para o próximo ano é de alcançar um resultado consolidado de 1,5% a 2% no mercado Brasileiro. “Em relação a outros países do mundo é uma projeção muito positiva. Esperamos uma melhora na economia em 2023, especialmente no cenário macroeconômico. Não temos como falar em números agora, mas estamos ajustando a produção para não produzir demais, mas também não podemos perder mercado. Para isso temos uma excelente gestão”.
Mesmo com toda turbulência econômica mundial, o CEO da Braskem, Roberto Simões, vê um novo ano de boas notícias para a companhia. “Todos sabemos quais os desafios no cenário macroeconômico. O que está ocorrendo no mundo reflete muito no setor petroquímico, mas neste cenário vale relembrar as forças da Braskem. Temos muita competitividade, somos líderes nas américas e do ponto de vista financeiro temos crescimento robusto considerando nossas estratégias e como nos preparamos para as crises”, finaliza.
Leia AQUI mais conteúdos de economia e negócios!