Com o objetivo de atrair recursos para o investimento em infraestrutura de alto impacto social, o CAF, Banco de Desenvolvimento da América Latina, aprovou um investimento de US$ 25 milhões no Patria Infra Credit Fund. Este é o segundo investimento do CAF em infraestrutura no Brasil, que também concedeu uma garantia para a Linha 6 do metrô de São Paulo. Em comum, essas operações são direcionadas a projetos e gestores de primeira linha e a um setor prioritário para o CAF e o Brasil.
O Fundo foi um dos ganhadores de chamada pública realizada pelo BNDES em fevereiro desse ano, que selecionou um total de 5 fundos de infraestrutura nas modalidades dívida e equity. O negócio possui forte componente de inovação em sua estrutura pois, além de reciclar o capital do Fundo em novos projetos, ao vender os títulos no mercado secundário de debêntures, será no modelo Project Finance non-recourse, em que os fluxos de caixa do projeto funcionam como a principal garantia. Este formato é pouco comum no Brasil, cujo mercado de infraestrutura vem gradualmente reduzindo a dependência do BNDES, mas com muito espaço para avançar em crédito privado.
O Fundo fornecerá crédito para projetos greenfield e brownfield em quatro setores: energia, telecomunicações, mobilidade, e saneamento básico. “Esse investimento é duplamente importante para o CAF, pois marca nossa entrada no Brasil no setor de infraestrutura. Esse é o segundo investimento no setor neste ano, e pretendemos ampliar nossa participação em infraestrutura no Brasil e na América Latina nos próximos anos.”, afirma o vice-presidente de setor privado, Jorge Arbache.
Tradicional investidor de fundos de venture capital e Private equity no Brasil, com 10 anos de atuação, a participação em infraestrutura ainda representa uma participação pequena da carteira de investimentos do banco. A Colômbia é o país com maior concentração de investimentos em infraestrutura, e o CAF pretende aumentar a participação no setor no Brasil especialmente via fundos de crédito.
Como investidor institucional, o CAF vem diversificando sua carteira ao investir em novos negócios, classes de ativos e até mesmo em startups. “Buscamos negócios alinhados com nossa estratégia de ser o banco verde da América Latina e contribuir decisivamente na reativação econômica dos nossos países membros. Analisamos as oportunidades como um todo e a partir disso vemos a melhor ferramenta, sempre em setores estratégicos para a instituição”, diz.
Com sede em Caracas, na Venezuela, o CAF possui escritórios em 10 países e recentemente abriu um escritório em São Paulo, voltado exclusivamente para atividades relacionadas ao setor privado. “Nosso objetivo é que este escritório seja um hub, capaz de realizar operações com o setor privado em toda a América Latina a partir daqui”, diz Arbache. O escritório foi oficialmente inaugurado pelo Governo brasileiro em novembro de 2022, quando recebeu visita oficial do Chanceler brasileiro. O Brasil é membro pleno do CAF desde 1995 e atualmente é o 4º maior acionista, com 8,7% de participação.
Localizado em área nobre da capital paulista, o escritório do CAF contará com mais de 15 pessoas de seis nacionalidades. “Nosso DNA é latino-americano, e por isso precisamos de pessoas de diferentes países com experiências diversas. Essa interação gera conhecimento e nos diferencia pelos aprendizados oriundos de outros países, nos mais distintos projetos”.
Este investimento faz parte da estratégia do CAF de aumentar sua carteira de setor privado, com atenção especial a projetos com componente verde. “Estamos avaliando mais de 10 oportunidades em fundos de infraestrutura, nos mais diversos setores. Além disso, também queremos participar mais ativamente de alternativas de investimentos na bioeconomia em geral, principalmente em florestas e no mercado de carbono.”
Considerando a alta incerteza dos projetos greenfield no Brasil, os bancos privados tradicionalmente evitam este tipo de estrutura, o que aumenta a relevância da participação de atores como o CAF e outros bancos multilaterais. “A entrada do CAF nesse tipo de estrutura incentiva que outras instituições tenham interesse em participar, atraindo mais recursos para o setor”, diz Murilo Marins, executivo que liderou a operação. A capacidade de mobilizar recursos é uma das funções clássicas de instituições de desenvolvimento, que buscam direcionar recursos de terceiros para projetos prioritários para o crescimento e desenvolvimento econômico.
Estudos diversos apontam que o Brasil precisa investir algo entre 4 e 5% do PIB em infraestrutura para fechar as lacunas existentes. Recentemente, eventos como a aprovação do Marco do Saneamento, a consolidação do mercado de debêntures incentivadas, e a remodelagem dos leilões e concessões de infraestrutura, entre outros, atraíram fundos de investimentos para o setor. “O déficit de infraestrutura no Brasil é muito grande e a necessidade de investimento é maior que a oferta. É um trabalho de longo prazo e exigirá muita resiliência”, conclui Arbache.
CAF
Banco de desenvolvimento da América Latina – tem a missão de promover o desenvolvimento sustentável e a integração regional, financiando projetos nos setores público e privado, prestando cooperação técnica e outros serviços especializados. Fundado em 1970 e atualmente formado por 21 países -19 da América Latina e Caribe, juntamente com Espanha e Portugal- e 13 bancos privados, é uma das principais fontes de financiamento multilateral e um importante gerador de conhecimento para a região.
Pátria Investimentos
Empresa líder em investimentos alternativos focada na América Latina, com mais de 30 anos de história e ativos combinados sob gestão de US$ 26,5 bilhões, e presença global com escritórios em dez cidades, em quatro continentes. O Pátria visa fornecer retornos consistentes em atraentes oportunidades de investimentos de longo prazo que permitem diversificação do portfólio por meio de seus produtos de Private Equity, Infraestrutura, Crédito, Public Equities e Real Estate. Por meio de seus investimentos, o Pátria busca transformar indústrias e desobstruir gargalos, gerando retornos atrativos para seus investidores, ao mesmo tempo em que cria valor sustentável para a sociedade.