O Instituto Oi Futuro anunciou, em evento realizado em sua sede no Rio de Janeiro, a nomeação de um Comitê Estratégico dedicado à transformação do centro cultural de arte, ciência e tecnologia no Rio, que ganhará uma nova identidade, marca e direção artística a partir de 2023. Para compor a equipe ao lado da presidente do instituto, Sara Crosman, foram convidados o economista carioca Fábio Szwarcwald (ex-diretor executivo do MAM RJ e do Parque Lage) e o especialista em tecnologia pernambucano Felipe Furtado (head nacional da Ibmec-Tech e ex-diretor do Cesar).
“Nosso centro cultural ocupa um papel importante de debater grandes questões contemporâneas e antecipar tendências do Brasil e do mundo. Estamos trazendo esses dois profissionais, que têm como marca a competência e a ousadia, para contribuírem na construção da nossa visão de futuro do centro cultural e na realização de novos ciclos de inovação, sempre valorizando o poder transformador da arte e a diversidade”, diz Sara.
O comitê terá reuniões mensais para decidir sobre novos projetos do centro cultural, com pautas e conteúdos previamente divulgados para que os membros se preparem para o encontro que será de decisão das próximas ações. O ponto inicial irá se basear no planejamento estratégico anual e na medida que for sendo vivenciado, serão inseridas novas camadas para discussão e aprovação.
O objetivo é que posteriormente tragam outros componentes para que as decisões tenham mais diversidade, pautados nas experiências diversificadas de cada membro, potencializando o resultado e ampliando o alcance do que está sendo realizado.
A presidente reforça que o Oi Futuro continuará existindo na sua integralidade como gestor que representa a Oi, principal mantenedora do centro cultural, porém com a mudança da marca, cria-se a oportunidade de buscar novos parceiros que contribuam para a manutenção dos projetos e fomento à cultura. “Iremos fazer esse novo ciclo de rotação. Não podemos fazer mais nada sozinhos. O protagonismo e a necessidade de cada organização aparecer de forma individual não faz mais sentido. Temos que ter um processo conjunto e contínuo, trazendo experiências de cada uma das organizações, com propostas e valores em comuns”.
Após a mudança do nome, os próximos passos é realizar um edital público para escolher o novo diretor artístico. Essa decisão irá passar pela avaliação de especialistas externos e internos e o profissional precisa ter experiências anteriores, sensibilidade e precisamos garantir inclusão de diversidade na escolha. Além disso, terá o 17º edital, um dos mais esperados pela classe artística e que nesse ano será dividido em duas etapas: no primeiro semestre será para selecionar projetos nacionais nos estados cuja lei é operacional e no segundo semestre irão ser escolhidos projetos para programação do centro.
Democratização de acesso à cultura
Uma das propostas do centro é expandir o acesso à cultura nas localidades menos favorecidas. “Eu vou ter um curador com vivência, espero ter novos parceiros trabalhando com a gente na construção desse e com possibilidade ampliar o alcance e impacto. O que temos buscado fazer é que a programação do centro cultural não fique somente restrito ao nosso espaço físico. Temos feito expansões e extensões de eventos na periferia para garantir a inclusão da população que eventualmente não faz esse movimento. Precisamos fazer o movimento de ir aos locais apresentar o que temos disponível e isso faz parte da estratégia para 2023”, revela Crosman.
A gerente executiva da Oi Futuro, Carla Uller, destaca que o centro cultural da Oi é referência de arte, ciência e tecnologia no Brasil e que a nova marca vai traduzir a ideia de que não podem estar apenas num prédio do Rio de Janeiro. “Estamos fazendo uma reformulação, trazendo pessoas fortes da economia criativa e o objetivode tudo é ficar mais perto da população. Essa construção do comitê é para fazer com que cada vez mais tenha experiências que sejam digitais e que possam chegar a qualquer brasileiro. Durante a pandemia aprendemos a ter essa oferta digital com conteúdos educativos on-line, teatro, entre outros. Temos a visão que para além dessas experiências, queremos estar em outros estados por meio dos parceiros, que não necessariamente precisarão ser do Rio e podem querer também atividades locais, como exposições temporárias e itinerantes. É um trabalho grande, estamos construindo alianças no Brasil inteiro e nos desdobrando para isso”.
“Além disso, a expectativa é que o comitê traga também as novas tecnologias de forma democrática, porque se ouve falar em NFT’s, Inteligência Artificial, mas tudo isso é para um público muito restrito. Como a gente apresenta essas novas tecnologias e amplia o programa educativo que busca crianças e jovens de escola pública que fazem a primeira visita ao museu? Como fazemos a inclusão dos novos artistas? Esses são os grandes desafios propostos para serem solucionados por esse grupo”, conta Sara.
Não há previsão de expansão do centro físico para outras cidades do Brasil, mas sim digitalmente e com pequenas exposições locais em parceria local com outros museus. “O que a gente vem buscando é unir os esforços para levar uma manifestação artística que funcionou e trouxe inclusão, diversidade e democratização de acesso para outro espaço cultural. Precisamos encurtar esse caminho para aumentar o alcance e impacto. É isso que a gente precisa: unir forças para transformar mais vidas”, enfatiza a presidente.
Apesar de o valor de investimento da Oi no centro não ser revelado, Sara diz que varia muito de ano pra ano, pois selecionam cerca de 40 projetos e precisa ver o resultado do que existe de recurso disponível na empresa para aplicar em editais de cultura. “A Oi está num novo momento, a operação móvel não faz mais parte, agora é uma empresa que disponibiliza facilidade e novos serviços digitais, então estamos entendendo qual vai ser essa disponilidade. Hoje o recurso é só da Oi, mas imaginamos que esse movimento traga mais recursos a partir do momento que eu terei outros parceiros fazendo parte dessa aliança”.
O novo membro do comitê, Fábio Szwarcwald, ressalta a importância de replicar ações boas, positivas e a importância do centro para o fomento à cultura. “Eu vejo que os valores das pessoas que trabalham aqui são muito aderentes ao que eu acredito. A gente entende a cultura como uma área do nosso país super importante, tão quanto a educação, porque a cultura educa. Bem antes de existir em as universidades, existiam o museu, as pessoas iam lá para aprender. Esse papel que a Oi Futuro estabelece ao longo desses últimos 20 anos foi fundamental por fazer um link com arte, cultura e tecnologia”, finaliza.
Atualmente, apesar de 13 estados possuírem leis operacionais, a Oi Futuro tem projetos apenas em nove e, segundo Sara, isso acontece porque eventualmente na localidade não tem propostas inscritas, tem alguma restrição do estado em disponibilizar os recursos e é preciso observar todos esses fatores para tomar a decisão de atuar, já que a seleção passa pela disponibilidade de recursos através de leis de incentivo.
Centro Cultural
Há 18 anos o Oi Futuro gerencia e mantém o centro cultural Oi Futuro, instalado em um prédio histórico no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, com uma programação diversa que valoriza a convergência entre arte contemporânea e tecnologia. Atualmente, o centro cultural apresenta a segunda edição da Bienal de Arte Digital, que reúne obras de 60 artistas brasileiros e estrangeiros sob o tema “Condições de Existência”. O espaço também abriga o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades, com acervo de mais 130 mil peças, que convida os visitantes a vivenciar a história de forma interativa e a refletir sobre o impacto da tecnologia na vida das pessoas e da sociedade.
As galerias do Oi Futuro já foram ocupadas por exposições de artistas internacionais como Andy Warhol, Nam June Paik, Gary Hill, Tony Oursler, Jean-Luc Godard, Pierre et Gilles, David Lachapelle, Chantal Akerman; e brasileiros como Luiz Zerbini, Rosângela Rennó, Daniel Senise, Eduardo Kac, Lenora de Barros, Iran do Espírito Santo, Arthur Omar, Marcos Chaves e outros. Nas artes cênicas, o Oi Futuro foi palco de espetáculos inéditos de nomes como: Felipe Hirsh, Gerald Thomas, Enrique Diaz, Antonio Abujamra, Denise Stoklos, Victor Garcia Peralta, Aderbal Freire, Irmãos Guimarães, João Fonseca e outros. Nessas quase duas décadas de história, também passaram pelo centro cultural muitos festivais, incluindo Festival do Rio, Panorama de Dança, FIL, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo _Festival – sendo os últimos três criados especialmente para o espaço.
Oi Futuro
O Oi Futuro, instituto de inovação e criatividade da Oi para impacto social, atua como um laboratório para cocriação de projetos transformadores nas áreas de Educação e Cultura. Há 20 anos conectando pessoas a novos futuros, por meio de iniciativas e parcerias em todo o Brasil, o Oi Futuro estimula indivíduos, organizações e redes para a construção de um mundo melhor, mais potente, com mais inclusão e diversidade.
O instituto também criou o LabSonica, laboratório de experimentação sonora e musical, sediado no Lab Oi Futuro, no Rio de Janeiro, que oferece infraestrutura para que bandas, músicos, produtores, pesquisadores da arte sonora, gravadoras independentes, desenvolvedores e outros talentos realizem seus projetos sonoros e viabilizem produções independentes. Por meio de editais, residências e ciclos de aceleração, como o programa ASA (Arte Sônica Ampliada), o Oi Futuro impulsiona a equidade de gênero e a diversidade em toda a cadeia produtiva da indústria musical brasileira.
- O jornalista Anderson Orrico viajou ao Rio de Janeiro a convite da Oi