As startups e fintechs do setor financeiro, o que incluem as empresas de meios de pagamentos, tiveram um crescimento rápido em solo brasileiro. É o que revelam dados do estudo Inside Fintech. Segundo a pesquisa, entre 2016 e 2022, surgiram 513 novas startups do setor financeiro no país. Hoje, já são 1.290 fintechs, aproximadamente, atuando no Brasil. Contudo, mesmo sendo um mercado em expansão e que contou, inclusive, com uma evolução recente nos pagamentos instantâneos, com a criação do Pix, ainda existe um gargalo na parte técnica que prejudica várias empresas digitais: a dificuldade de uma integração simplificada, flexível e acessível de vários sistemas financeiros, como bancos e provedores de pagamentos, com sistemas antifraudes e outras funcionalidades. Atualmente, essas integrações são complexas, com a necessidade de um time afiado de desenvolvedores, além de custosa para boa parte das PMEs digitais.
E foi pensando nesse gap do mercado de meios de pagamentos que um trio de amigos cariocas uniram suas expertises nesse setor para criar a Malga — startup com o diferencial de oferecer uma solução de integração simples, acessível e adaptável para todos os tipos e tamanhos de negócios digitais. Em apenas 1 ano e meio de operação, os sócios Alex Vilhena (CEO, ex Braintree), Thiago Garuti (COO, ex Medicinae Solutions) e Marcel Nicolay (CTO, ex Zoop e ex Gympass) conseguiram um crescimento de 400% desde a sua fundação. Malga teve um resultado promissor, visto que a média de crescimento de uma fintech é de 50% ao ano. E a meta para 2023 é ainda mais ambiciosa, com a previsão de fechar o ano com R$ 2 bilhões em transações. A fintech processa cerca de 400 mil pagamentos por mês, atualmente. Malga hoje conta com 50 funcionários, que trabalham de maneira remota, espalhados por 11 estados brasileiros.
“Ao longo dos anos trabalhando no setor de meio de pagamentos, observamos que a maior dificuldade dos clientes era integrar vários meios de pagamentos nos seus e-commerces. Além de serem caras, elas ainda não funcionavam bem e eram demoradas. Foi avaliando esse gap no mercado que surgiu a ideia de criar Malga. Pesquisei e descobri que o Brasil tinha a pior taxa de aprovação de pagamentos e custos de transações da América Latina. Os custos eram, por exemplo, seis vezes maiores”, conta Alex Vilhena, CEO e cofundador da Malga.
Vilhena também revela que aqui no Brasil, mais de 20% das transações on-line são recusadas por diversos motivos, o que custa à indústria US$ 15 bilhões em vendas perdidas. “Mas o que mais me assustou, era a frequência que as empresas paravam seus desenvolvedores, para focar em uma integração de pagamento, algo que não é o foco do negócios. Então o mercado brasileiro seria uma boa oportunidade para começar e crescer. Chamei o Garuti e o Nicolay. Pesquisamos e estruturamos todo o modelo de negócio de Malga durante a pandemia — entregamos nossos cargos para focar nesse projeto”, relembra Alex Vilhena.
Em abril de 2020 – no auge da pandemia – aconteceu a primeira captação dos sócios cariocas para a fintech, através de uma rodada de investimentos no valor de U$ 300 mil dólares. Os sócios revelam que apesar de ser um valor pouco expressivo para o mercado de startups, o diferencial foi que eles tiveram investidores anjos com smart money — executivos à frente de grandes empresas, que também sofriam com os problemas de meios de pagamento no Brasil. Em junho de 2020, os sócios passaram quase um ano montando a plataforma inicial, que foi lançada em março de 2021. Em setembro, a startup brasileira participou de um processo de aceleração na Y Combinator — considerada uma das gigantes do Vale do Silício. Em novembro de 2021, ocorreu a segunda rodada de investimentos, com um aporte seed e US$ 2.7 milhões de dólares, com a participação da QED, Verve Capital, Latitud e Norte Ventures. Já em 2022, houve uma extensão na rodada de investimentos, o que totalizou US$ 6.5 milhões de dólares, com a liderança da Costanoa.
“O que Malga faz, diferente dos nossos concorrentes diretos, é oferecer personalização em pagamentos em uma só integração. De maneira segura e resiliente. O que vendemos é uma solução, uma infraestrutura inteligente de pagamentos, totalmente modular para nossos clientes. É como se pegássemos várias partes de um lego e montássemos um produto personalizado. Outro diferencial é que Malga tem um custo mensal para o cliente e nesse valor temos monitoramento, acesso a múltiplos provedores, a exclusiva orquestração de fluxos inteligentes e um canal focado no sucesso do cliente, por exemplo. Também somos independentes dos provedores de pagamento. Com isso, os clientes têm a possibilidade de barganha com os adquirentes. É muito fácil mudar de adquirente, é só “apertar um botão”. Essa cartela de soluções em meios de pagamentos reunidos em um só produto facilita, por exemplo, as empresas de e-commerce, pois oferece mais segurança e agilidade”, revela o COO Thiago Garuti.
As metas para 2023 são ainda mais ambiciosas, com a previsão de fechar o ano com R$ 2 bilhões em transações. A marca, que acabou de passar por um processo de rebranding, mudou de nome (o que antes era Plug Pagamentos, agora é Malga), a fim de reforçar a pluralidade e diversidade na equipe e ampliar as funcionalidades. Além disso, ainda em 2023, a startup quer expandir a quantidade de conexões disponíveis, para aumentar o poder de negociação entre os negócios digitais e os provedores, além de outras funcionalidades importantes dentro do arranjo de pagamentos online.
Malga
Malga é uma plataforma de pagamentos. Através de uma integração, a startup possibilita múltiplas conexões a provedores de processamento de pagamentos online. As soluções de Malga aumentam a aprovação das vendas, otimizam custos, evitam a perda das transações e proporcionam flexibilidade para as empresas sempre trabalharem com os melhores provedores sem aumentar a carga técnica. Como exemplo sobre o impacto numa área tão sensível, como a de pagamentos – com Malga alguns clientes tiveram 50% de redução de custos com boletos. Além disso, outros tiveram 30% de redução de custos com a operação de cartões. Tiveram casos ainda que a redução com Pix ultrapassou 90%. Com a Infraestrutura Inteligente de Pagamentos, alguns clientes conseguiram recuperar mais de 20% das transações negadas. Muitos chegaram com uma taxa de aprovação média de 70% e conseguiram aumentar para além dos 95%.
A startup é apoiada por investidores anjos do ramo de tecnologia e pagamentos com a missão de ajudar empresas digitais a descobrirem todo o potencial de pagamentos.
Malga, que fez parte do lote Summer 21 da Y Combinator, atualmente permite que os clientes se conectem com mais de 10 provedores de pagamentos”, que incluem vários processadores, adquirentes, bancos, antifraudes etc, a capacidade de aceitar métodos de pagamento locais como cartões, Pix e boleto, proteção contra fraude e conciliação. Isso tudo é possível por meio de uma simples Interface de programação de aplicações (API).