De acordo com o indicador ABRAINC-FIPE, o valor das vendas de imóveis residenciais no Brasil registrou um aumento de 23,5% nos primeiros oito meses de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022. Esse crescimento foi impulsionado tanto pelo segmento de imóveis de médio e alto padrão (MAP) quanto pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O estudo foi realizado em parceria com 20 empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
Destaca-se que o programa Minha Casa, Minha Vida continua desempenhando um papel fundamental no crescimento do setor, com uma alta de 27,8% no valor das comercializações entre janeiro e agosto. Em termos de lançamentos, a alta foi de 77,4% em relação ao valor de vendas.
Vale destacar que o desempenho do programa reflete as medidas de ajuste que foram implementadas para ampliar o acesso à moradia para as famílias de menor renda. Além disso, enfatiza a importância de manter regras estáveis para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que é a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário destinado à população de baixa renda, tornando possível oferecer taxas de juros mais baixas e parcelas menores, o que possibilita que o programa seja acessível para famílias de menor poder aquisitivo.
O segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) também continua tendo resultados positivos, com um crescimento de 15,6% no valor de vendas. Esse resultado se deve ao interesse de muitos compradores em adquirir ativos imobiliários, com a expectativa de valorização futura dos imóveis em todo o Brasil.
Por sua vez, o MAP apresentou uma redução de 16,8% no valor de venda dos lançamentos neste intervalo. O segmento foi fortemente influenciado pelas altas taxas de juros, que prejudicaram o acesso aos financiamentos imobiliários pelo SBPE (Sistema Brasileiro Poupança e Empréstimos), inviabilizando a compra de imóveis para compradores de média renda.
Luiz França, presidente da ABRAINC, destaca a necessidade de reverter a queda nos lançamentos de imóveis de médio e alto padrão e, para isso, “serão necessárias novas reduções na taxa Selic e nos juros do financiamento habitacional para corrigir essa situação.”
Ele enfatiza que, apesar desse desafio, o setor imobiliário permanece sólido, com resultados positivos nas vendas. “Nosso horizonte é o de crescimento, geração e manutenção de empregos e investimentos”, aponta o executivo, destacando que o setor segue como um dos principais protagonistas no processo de desenvolvimento da economia brasileira e os juros baixos são grandes impulsionadores desse mercado.